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Vivendo a bênção do
casamento*.
Vivemos em
um mundo plural, onde estruturas e conceitos que no passado eram sólidos, com
aparência de imutabilidade e inflexibilidade, tornaram-se líquidos, mutáveis e
flexíveis. Alguns pensadores vão chamar esse momento em que vivemos de
Modernidade Tardia, outros de Modernidade Líquida e de forma mais difundida
como Pós-modernidade.
Sem entrar
na discussão conceitual que gira em torno dessa questão, fato é que mudanças
consideráveis ocorreram na sociedade. Essa cerimônia de casamento é simbólica
nesse sentido. Temos um noivo de origem árabe, nascido na França e de religião
muçulmana, uma noiva paulista, católica e de origem japonesa, e a frente da
liturgia um pastor protestante, carioca e negro. Isso é algo lindo, enriquecedor
e paradigmático da sociedade em que vivemos.
Pensando
nisso, gostaria de indicar algumas possibilidades de caminhos, a partir da
Palavra de Deus, tendo o imenso desejo que vocês consigam viver a bênção do
casamento em meio às diferenças que o próprio casamento e a vida como um todo
nos apresentam.
Em
primeiro lugar, para viver um casamento abençoado, sejam sinceros um para
com o outro. Não deixem que as máscaras que a vida nos convida a colocar
estejam entre vocês. Antes, almejem o ideal divino original, conforme a
narrativa de Gênesis 2,25 que diz: “Ora, um e outro, o homem e sua mulher,
estavam nus e não se envergonhavam”. Elie esteja metaforicamente nu diante
da Priscila. Priscila esteja nua diante do Elie. Lembrem-se que vocês agora são
uma só carne. Não são duas metades que se unem para formar algo maior, somente.
E sim, duas unidades que se fundem para gerar algo totalmente novo, inesperado
e surpreendente a cada dia.
Sejam
sinceros! Não diga que está tudo bem quando não está, porque essas pequenas
coisas somam-se e num dado momento vem à tona. Diga para o Elie os seus sonhos,
anseios, projetos... Diga para a Priscila aquilo que se encontra no seu
coração, Elie.
Não tenham
vergonha, não se escondam por perceberem que estão nus. Porque é no relacionamento,
no diálogo, na troca, honesta e sincera com o outro que nos realizamos e nos
humanizamos. Que vocês sejam sinceros um para com o outro para viver um
casamento abençoado.
Como
desdobramento desse ponto, é fundamental que vocês façam acordos. Por
mais que achemos linda essa pluralidade apontada na introdução, também sabemos
das dificuldades que a mesma pode oferecer. Por exemplo, as culturas de vocês
são bem diferentes. Quantos filhos você deseja ter Elie? E você Priscila? Após
o compartilhar dos desejos, acordos precisam ser feitos. Elie aprenda a ceder.
Priscila aprenda a ceder.
O profeta
Amós lança a celebre pergunta que ainda ecoa em nossos dias: “Andarão dois
juntos, se não houver entre eles acordo?” (Amós 3,3). A partir de hoje não
existe mais os projetos do Elie ou os projetos da Priscila, somente. O que
temos são os projetos do casal. Não existe mais o meu e o seu, e sim o nosso.
Dessa
forma, Elie, ouça a sua esposa, a maioria das vezes as mulheres estão certas, e
assim você evitará o transtorno no futuro e não precisará ouvir: “Eu
avisei...”. E você Priscila, tenha paciência, seja uma mulher sábia que edifica
o seu lar, e não uma mulher tola que o derruba com suas próprias mãos.
Participe ativamente das decisões e influencie nas mesmas, mas, deixa o homem
achar que é ele quem tem a palavra final. Deixe-o achar... Não tire isso dele.
A maioria dos homens gosta disso. Façam acordos para viver a bênção do
casamento.
No que for
essencial, que haja unidade. No que for periférico liberdade. E em tudo a
caridade (amor). Esse é o terceiro ponto desse sermão. Para viver a bênção do
casamento amem-se. O amor é o sentimento mais lindo que existe, ao ponto
de ser o maior mandamento e relacionar-se com o Ser do próprio Deus: “...Deus
é amor” (1João 4,8).
Paulo de
Tarso já dizia que: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se
não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda
que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência;
ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver
amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e
ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor,
nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em
ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não
procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se
alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba... Agora, pois, permanecem a fé,
a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor”
(1Coríntios 13,1-8.13). Vivam a bênção do casamento
amando-se.
Em quarto
lugar, vivam a bênção do casamento na plenitude da relação sexual. O
sexo é obra divina. Possuímos órgãos sexuais dotados de terminações nervosas
para gerar prazer. Aproveitem isso. No livro de Cânticos dos Cânticos é
celebrado o amor, que inclui o sexo, entre o homem e a mulher. O livro já
inicia dizendo: “Beija-me com os beijos de tua boca; porque melhor é o teu
amor do que o vinho” (Cântico dos Cânticos 1,2).
Elie, diga
para ela diariamente o quanto você a ama, o quanto a deseja e o quanto ela é
especial, porque realmente as mulheres são especiais e gostam de ouvir isso. As
mulheres estimulam-se mais pelo que ouvem e os homens pelo que veem. Assim, o
autor de Cânticos diz para a sua amada: “Como és formosa, querida minha,
como és formosa! Os teus olhos são como os das pombas e brilham através do teu
véu. Os teus cabelos são como o rebanho de cabras que descem ondeantes do monte
de Gileade... Os teus lábios são como um fio de escarlata, e tua boca é
formosa; as tuas faces, como romã partida, brilham através do véu... Os teus
dois seios são como duas crias, gêmeas de uma gazela, que se apascentam entre
os lírios... Tu és toda formosa, querida minha, e em ti não há defeito...
Arrebataste-me o coração, minha irmã, noiva minha; arrebataste-me o coração com
um só dos teus olhares, com uma só pérola do teu colar. Que belo é o teu amor,
ó minha irmã, noiva minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho, e o aroma
dos teus unguentos do que toda sorte de especiarias! Os teus lábios, noiva
minha, destilam mel. Mel e leite se acham debaixo da tua língua, e a fragrância
dos teus vestidos é como a do Líbano” (Cântico dos Cânticos
4,1.3.5.7.9-11).
Após essa
série de elogios do amado vem a resposta da amada: “Levanta-te, vento norte,
e vem tu, vento sul; assopra no meu jardim, para que se derramem os seus
aromas. Ah! Venha o meu amado para o seu jardim e coma os seus frutos
excelentes!” (Cântico dos Cânticos 4,16).
Vivam a
bênção do casamento na plenitude da relação sexual, comendo dos seus frutos
excelentes. Contudo, na relação conjugal nem tudo são flores. O próximo ponto
desse sermão trás uma indicação do autor de Cânticos sobre a presença de
inimigos do casamento de vocês: “Apanhai-me as raposas, as raposinhas, que
devastam os vinhedos, porque as nossas vinhas estão em flor” (Cânticos dos
Cânticos 2,15).
Não deixem
que esses inimigos do casamento de vocês destruam a vinha do amor que floresce
em seus corações. Elie tenha olhos somente para a Priscila, deseje-a e tome
cuidado com as raposinhas que se encontram a sua volta. De igual modo, você
Priscila, tenha olhos somente para o Elie, deseje-o e tome cuidado com as
raposinhas que se encontram a sua volta. Quantos não são os casais que não
souberam vigiar a sua vinha e deixaram que uma pessoa do sexo oposto
interferisse na relação.
Ou quem
sabe que o próprio trabalho, a ascensão na carreira, e a busca desenfreada por
dinheiro acabassem com o seu casamento e hoje trazem marcas profundas dentro de
si, que por mais que tenham conseguido aquilo que desejavam, nada parece dar conta
dessas feridas e da frustração de um casamento mau sucedido. Vivam a bênção do
casamento protegendo-se um ao outro das ameaças à relação de vocês.
No livro
de Eclesiastes capítulo 4, verso 12 diz: “Se alguém quiser prevalecer contra
um, os dois lhe resistirão; o cordão de três dobras não se rebenta com
facilidade”. Assim, o sexto e último ponto desse sermão pretende levar
vocês a compreenderem que nesse apoio mútuo vocês se fortalecerão, porém,
sabemos que o quanto somos frágeis, pecadores e débeis. Dessa forma, é preciso
chamar para a relação de vocês um terceiro elemento, a terceira dobra que
sustentará o casamento de vocês. É preciso que vocês chamem Deus para fazer
parte da história de vocês.
Não estou falando de ter uma religião. Até
mesmo porque o problema do mundo não é a falta de religião, já que o que mais
temos são propostas religiosas, cada uma com a sua filosofia e dogma. Mas não
estou falando de religião, e sim, de ter uma experiência profunda, sincera e
honesta com Deus. De ter relacionamento com Deus. Com Deus fazendo parte do
relacionamento de vocês, sendo a terceira dobra desse cordão, o mesmo não se
arrebentará com facilidade e superará as intempéries da vida.
Concluo
retomando os pontos aqui indicados como possibilidades de caminhos a serem
trilhados pelo casal para que vivam a bênção do casamento. (i) Sejam sinceros
um para com o outro, (ii) façam acordos, (iii) amem-se, (iv) vivam a plenitude
da relação sexual, (v) protejam-se das ameaças a relação de vocês, e por
último, mas o que considero ser mais importante, (vi) chamem Deus para fazer
parte da história de vocês. Que Deus os ajude nessa caminhada. Amém!
*Rodrigo Fernando de Sousa Figueiredo
Sermão entregue
no casamento de Elie Bensouna e Priscila Takayama no Hotel Marriot em
Copacabana no dia 15
de novembro de 2013.
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Parabéns!!! Que muitos possam ainda ver Deus refletido na sua vida e conhecê-lo através dela!! Que Deus nos ajude a não esquecer quem Ele é para nós....
ResponderExcluirEssa pastoral sobre a Natureza é apenas um reforço de algo que temos como certeza a anos: o homem está destruindo a si mesmo!!! E muitas vezes nós, cristãos, não enxergamos e cuidamos do "Planeta Terra" como uma criação de Deus... não fazemos nada para mudar isso...
ResponderExcluirParabéns mais uma vez Crow... show de bola!!!! :)
Que bênção! A mensagem "Infidelidade Pós-moderna" realmente nos faz "(Re)PeNsAr O dIsCuRsO". Que Deus continue te usando e te iluminando.
ResponderExcluirMuito boa a Pastoral sobre Santidade. Lendo isso, e tendo participado do Congresso da Juventude Piba 2011 sobre Santidade, percebo a real significância desta identidade em nossas vidas cristãs. Que Deus continue te abençoado.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostei muito!!! Obrigada por nos ensinar várias coisas, e o mais importante, por nos fazer re/pensar e não simplesmente aceitar o que foi proposto.
ResponderExcluirVlw
Grande abraço !!!
Passos a serem percorridos...
ResponderExcluirUNIDADE! Como é importante em nosso meio! Mas todos precisamos abraçar esse conceito na prática cada vez mais. Como na ilustração das bolas, se cada um largar a sua para o outro não deixar cair no chão fica difícil ... Se estamos fazendo algo mais ou menos ou sem fazer nada quer dizer que alguém está ficando sobrecarregado. A começar em mim quebra corações!
S2 MEU CORAÇÃO SE APRAZ NESSA CONGREGAÇÃO E A REFERENCIA DO LIDER PR OSIRIS MARQUES É O VERDADEIRO MANDAMENTO DO SENHOR JESUS O (AMOR) PREGADO NO SEU DIA A DIA NA SUA LIDERANÇA E EU LOUVO A DEUS PELO PRIVILEGIO DE FAZER PARTE DESTE CORPO; GRAÇA E PAZ AOS MEUS IRMAOS EM CRISTO E DIGO SOMENTE NÃO FIQUEMOS NA ZONA DE CONFORTO, NOS FIRMEMOS NO PROPOSITO DO MESTRE SALVADOR E LEVEMOS OS NOSSOS TESTEMUNHO DE FÉ DO SEU CUMPRIMENTO EM NOSSAS VIDAS.BJKS AMO VCS!!
ResponderExcluirEXcelente! Deveria ser um manual para ser entregue para todos aqueles que pretendem contrair nupciais. Muitos erros poderiam ser evitados.
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